SOCIEDADE DO ESPETÁCULO

     Em nosso dia a dia estamos sempre na frente das lentes das câmeras, vigiados em portarias, caixa eletroeletrônicos, lojas, estacionamentos, trânsito, enfim, nossos passos estão sendo registrados à todo momento. Em “A Sociedade do Espetáculo”, Guy Debord afirma que o espetáculo

[...]não é um complemento da vida real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as sua formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto de entretenimento[...] presente da vida dominante. (Debord, 1967, p.9)

     Ou seja, a sociedade do espetáculo é o próprio espetáculo, uma forma de ser a sociedade do consumo. O espetáculo consiste na multiplicação dos ícones de imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa, mas também dos rituais políticos, religiosos e hábitos de consumo, de tudo aquilo que falta na vida real do homem comum: celebridades, políticos, personalidades, mensagens publicitárias tudo transmite sensações de aventura, grandiosidade, felicidade e ousadia. Os meios de comunicação de massa diz Debord (1967) “são apenas a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo, que faz do indivíduo um ser infeliz, anônimo e solitário em meio à massa de consumidores”.
     As relações entre as pessoas, transformam-se em imagens e espetáculos. “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”, afirma Debord. O consumo e a imagem ficam no lugar, que antes era do diálogo pessoal. Portanto a TV e os outros meios de comunicação de massa, publicidades de automóveis, marcas, etc., produzem um isolamento social entre os seres humanos, que passam mais tempo com eles, do que com a família. Se pegarmos um exemplo, como violência doméstica, assunto abordado em muitas novelas, vemos que o espetáculo se constitui na realidade, e ela é o próprio espetáculo.
     Com a presença incessante dos meios de comunicação, o homem passa a ser e a viver uma vida idealizada, onde a ficção mistura-se à realidade, e vice-versa. Os telejornalismos e as telenovelas, que mostram problemas do mundo real (sendo que o primeiro reina no que existe e o segundo na ilusão), ambos bebem da realidade, para se sustentarem e sustentar seus telespectadores. O homem acaba sendo governado por algo que ele mesmo criou, como disse MacLuhan, “Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens.”
     Um exemplo de invasão da ficção para a realidade, é a presença de objetos que fazem parte do cenário, de um filme, seriado ou novela, e são inseridos dentro das casas. Se antes era um sonho de consumo ter aquela porta da novela em sua sala, mais tarde, pode se tornar um pesadelo. O que parecia ser singular, agora pode estar na casa de todos, independente da classe social. “O objeto, que era prestigioso no espetáculo, torna-se vulgar no instante em que entra na casa do consumidor ao mesmo tempo que na casa de todos os outros” afirma Debord (1967). 

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