Ronaldo Fraga é um estilista famoso por “amarrar” suas coleções com os cenários, em sua maioria, criados pelo cenógrafo Paulo Waisberg. Em “Corpo Cru” o estilista dispensa os modelos na passarela, em seu lugar são colocados bonecos de madeira, com formas sintetizadas do corpo humano, suspensos por uma estrutura de metal, com sistema de roldanas a cenografia, segundo Fraga “produz um grande e velho carrossel de cabides. No seu vai e volta sugerem que a escolha da roupa que vem a ser um jogo divertido, por mais doido que seja”. Ronaldo Fraga diz que a coleção, fala sobre “o dia em que o corpo cansou de tudo e foi deixando no ar o dilema de qual modelo construir quando o corpo não existe, ou que corpo perseguir quando o modelo não existe”, mais do que a falta dos modelos, mas também das pessoas, os personagens que completam esta cena.
Na coleção “São Francisco” modelos desfilam crenças, cores, texturas, bichos em seus corpos à beira do rio que corre perigo. Bacias cheias de sal grosso, chamam a atenção para a salinização do São Francisco. Se antes o “Velho Chico” tinha força suficiente para avançar o mar, “agora é o mar que invade o Rio, salinizando, alterando fauna e flora. Hoje a situação do Rio é um prenúncios em torno da água.” explica Fraga, um alerta para questões ambientais.
Em “Nara Leão” barquinhos de papel suspensos complementam, junto com as roupas e a voz delicada de Fernanda Takai, a narrar a história da cantora. Os barquinhos remetem ao Rio de Janeiro, berço da Bossa-nova, estilo da falecida cantora.
Os dois últimos desfiles, ambos tem muita simplicidade em seus cenários, e ao mesmo tempo, um grande poder. Fazendo com que ícones, usados repetidas vezes – como os barquinhos e as bacias – forme um cenário, em conjunto com os modelos, transformando o espaço, levando o espectador para uma outra atmosfera.
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