O diretor Michel Gondry, famoso por seus videoclipes utiliza exageradamente o cenário arquitetônico. Em “Bachelorette”, a personagem da cantora Björk, encontra em seu quintal, um livro em branco que começa a escrever sozinho. Ela vai para a cidade grande, publica um livro com sua história, que em seguida, vira um musical de teatro. Na peça, a cantora conta a história de todo fato ocorrido, desde o momento em que acha o livro até virar um musical. Uma história dentro da mesma história sucessivamente. Um circulo vicioso, parece não ter fim. Como se não bastasse a narrativa se repetir, transformando-se em uma ficção teatral, não para por aí. A história também se repete no espetáculo, de novo. Em cada repetição os cenários se sintetizam. É história dentro de história, cenário dentro de cenário. Até que as escrituras do livro se apagam, ficando em branco, ele volta a natureza e Björk reaparece em seu quintal.
Vale enfatizar o trem cenográfico, que mostra o lado externo, que virado, mostra o interno. Os prédios giram logo atrás da janela do trem, dando a impressão que está em movimento. A avenida é uma faixa escrita que percorre o palco todo.
No videoclipe “Let Forever Be”, as simples ações como: desligar um despertador , espreguiçar em frente a janela, deitar e subir a escada rolante, são multiplicadas. Efeitos especiais que seriam facilmente realizados por mecanismos digitais, são produzidos por vários cenários, ora idênticos, ora diferentes na escala. É como se existissem dois mundos. O mundo ficcional onde é contada a história da garota, e o mundo dos efeitos especiais, onde muitas das ações que ela realiza são multiplicadas (inclusive ela mesmo), havendo uma materialização dos efeitos especiais. De repente, este segundo mundo começa a invadir o primeiro, objetos cenográficos começam a aparecer no mundo, que no vídeo, é tratado como o real, modificando a narrativa.
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